segunda-feira, abril 29, 2024

Projeto ‘Memória Música Minas’, de DJ Bill, resgata história dos primeiros vinis de MG

Projeto, que estreia na internet nesta terça-feira, 18/10, traz série de 16 podcasts e um audiobook que reúnem histórias e curiosidades de discos gravados em BH; trabalho levará rodas de conversa e audições a centros culturais da cidade

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Há mais de 20 anos dedicado a peneirar discos de vinil dos quatro cantos do mundo, da Ásia ao Caribe, das megalópoles ao interior profundo do Brasil, o músico João Gabriel Morais Passos, mais conhecido como DJ Bill, resolveu olhar para a própria cidade e se perguntar: afinal, onde estão os registros que fizeram história em Belo Horizonte durante a época de ouro dos bolachões? Guiado por essa inquietação e por uma vontade ímpar em catalogar parte essencial da cena musical mineira que sequer podia ser encontrada na internet até então, o DJ Bill apresenta o projeto “Memória Música Minas: História e Memória dos Registros Fonográficos em Minas Gerais”, cujo lançamento virtual acontece nesta terça-feira, 18/10, reunindo um imenso arquivo digital de pérolas da música mineira, da bossa ao rock, da seresta à música instrumental.

A pesquisa condensa 16 podcasts e um audiobook disponibilizados gratuitamente ao público (ouça os episódios neste link), incluindo análises sociais e técnicas sobre os LPs, além da digitalização de vinis gravados em Belo Horizonte durante os anos de 1960 e 1970, auge deste formato inexorável da música — que ainda hoje segue cultuado pelo público das novas gerações e por artistas contemporâneos. O projeto ainda vai propiciar uma série de rodas de conversa gratuitas, entre os meses de outubro e dezembro, como forma de divulgar a história dos vinis da capital mineira para o público em geral.

“A pesquisa tem o intuito de contribuir com a memória da cidade de Belo Horizonte e do Estado de Minas Gerais. A maioria desses discos não estavam digitalizados e não se encontravam em nenhum lugar da internet. É uma forma de tornar pública a música gravada em Minas Gerais para as pessoas em geral, além de músicos, DJ’s e colecionadores”, adianta o DJ Bill, idealizador do projeto, viabilizado com recursos viabilizados pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte (LMIC).

A pesquisa do DJ Bill percorreu um caminho natural em sua trajetória de DJ. Ávido investigador da música mundial, com dedicação especial à música brasileira, à cumbia, ao afrobeat e à música global contemporânea, Bill se concentrou em resgatar a história e os fonogramas dos principais selos atuantes em Belo Horizonte: Minas Gravações Limitada (MGL), Paladium e Bemol, além de incluir na garimpagem selos menores, como o Estúdio HP. O Bemol, por exemplo, existe até hoje, consolidado como o maior selo de vinis de Minas Gerais. Fundado em 1967 pelo engenheiro de som Dirceu Cheib, quando existiam apenas quatro estúdios fonográficos no Brasil, o Estúdio Bemol foi responsável pelas primeiras gravações de artistas como Uakti, Marcos Viana, Fernanda Takai, Esdra Ferreira (Neném) e Sagrado Coração da Terra, além de ter registrado nomes consolidados, como Milton Nascimento, Clara Nunes, Ivans Lins e Dominguinhos.

“A audácia de montar um selo e ‘competir’ com grandes gravadoras não é uma tarefa fácil. Criar um selo e gravar discos envolve toda uma problemática para ser resolvida, visando uma qualidade técnica alta. Além disso, distribuir não é uma tarefa simples, envolve uma lógica e uma profissionalização para a entrega de qualidade do produto final. Várias dessas gravações são peças importantes para um recorte musical de uma época de absurda qualidade musical, que dialoga com a música feita em grandes centros urbanos do país e do mundo”, avalia o DJ Bill.

Devido à falta de catalogação dessa parte da história musical mineira, o acervo reunido para o projeto foi garimpado pelo próprio DJ Bill ao longo de duas décadas, a partir da história e importância de alguns medalhões que marcaram a era do vinil na capital, incluindo nomes como o do acordeonista Célio Balona; do pianista Aécio Flávio, diretor musical na TV Manchete e arranjador do programa Fantástico, da TV Globo; Mozart Bicalho, um dos maiores nomes do violão instrumental do Brasil; Hugo Luiz, arranjador da TV Itacolomi, eleito o melhor instrumentista do 1º Festival da Canção (1966); Conjunto Carcará e Orquestra Paladium, entre muitos outros.

O acervo abarca centenas de discos de vinil, incluindo long plays (12 polegadas) e compactos (7 polegadas). Para além dos álbuns produzidos e gravados em Belo Horizonte, foram selecionados também registros afetivos do interior mineiro, como gravações das Serestas de Diamantina e Montes Claros. “Uma das vertentes mais legais do projeto foi poder vasculhar diversos estilos musicais, como o samba, a bossa nova, o jazz, a seresta, o coral, a música instrumental, o rock, o bolero e muitos outros”, conta DJ Bill.

Nos 16 podcasts disponíveis ao público de forma gradativa, há uma série de curiosidades, histórias e matérias jornalísticas sobre os discos, além de análise dos encartes e fichas técnicas dos vinis e, claro, muita música de primeira qualidade embalando a programação. “Foi realizado um recorte por datas, partido da história do primeiro selo fonográfico profissional de Minas Gerais, o Minas Gravações Limitada (MGL), depois os selos Paladium e Bemol. Por fim, dividimos também por gêneros musicais para dar certa unidade aos programas”, adianta o DJ Bill. Já o audiobook é composto pelas informações técnicas dos discos, como forma de abrir aos ouvintes um catálogo digital de um universo de vinis até então dispersos, mas agora revelados pelo minucioso trabalho de garimpagem do DJ Bill.

Roda de conversa e audições com DJ Bill

Para ampliar o acesso do público não apenas às músicas, mas também aos contextos, bastidores e curiosidades sobre os artistas e suas gravações, o projeto “Memória Música Minas” promove uma série de seis encontros com o DJ Bill para falar sobre a trajetória das gravações dos bolachões, além de ouvir parte da produção reunida na pesquisa. Os encontros, todos com entrada gratuita, acontecem nos Centros Culturais do Padre Eustáquio, Salgado Filho, Venda Nova, Zilah Spósito, Vila Fátima e Vila Santa Rita (veja as datas abaixo).

“O vinil é um formato que nunca morreu. Ele pode ter sido esquecido pela mídia e por uma certa parcela do público. Mas o vinil nunca parou de ser fabricado. No Brasil, no final da década de 1990, várias fábricas fecharam, mas no resto do mundo a produção de vinil nunca cessou. Os DJ’s e colecionadores de discos nunca pararam de consumir este produto. Há alguns anos, tivemos novamente o boom do vinil. Portanto, a partir dessa história, nosso projeto é uma forma de manter viva a memória da cidade e do Estado de Minas Gerais”, analisa o DJ Bill.

DJ Bill

João Gabriel Morais Passos, o DJ Bill, é músico, DJ e pesquisador de registros fonográficos dos quatro cantos do mundo. Nato pesquisador de música brasileira, tem uma trajetória de aprofundamento na música mineira. Fundador e colaborador da Jungle Club — projeto criado em 2015 e ligado à música brasileira, latina e africana — foi estudante nos cursos livres de música da Escola Livre de Artes Arena da Cultura, Fundação de Educação Artística (FEA) e Escola de Música da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Discotecou em eventos como o Savassi Jazz Festival (2011), Mostra Arte Sônica (2014), Todo Mundo Tem Direitos (Rio de Janeiro\RJ), em 2015,, Conexão BH e BH Music Station (2016), Crew Hassan (Lisboa/Portugal), em 2016, Goldkante (Bochum/Alemanha), em 2016, Festival Forum Doc (2017), Eletronika Festival (2017), Wäls Jazz Festival (2018), Festival Maputo Electrônico (Moçambique), em 2018, Soul in The Horn Global Vibrations (2021), Jazz Lagoinha (2022) e Cerrado Mapping Festival (2022).

SERVIÇO 

Lançamento de podcasts e audiobook do projeto “Memória Música Minas: História e Memória dos Registros Fonográficos em Minas Gerais”,

Quando. Terça-feira, 18 de outubro de 2022

Onde. www.mixcloud.com/memoriamusicaminas

Quanto. Acesso gratuito

Programação – Rodas de conversa com DJ Bill, idealizador do projeto

Entrada gratuita, sem necessidade de retirada de ingressos

22 de outubro (sábado), às 16h

Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 550 – Padre Eustáquio)

12 de novembro (sábado) , às 15h

Centro Cultural Salgado Filho (Rua Nova Ponte, 22 – Salgado Filho)

19 de novembro (sábado), às 15h

Centro Cultural Venda Nova (Rua José Ferreira dos Santos, 184 – Jardim dos Comerciários)

26 de novembro (sábado), às 15h

Centro Cultural Vila Fátima (Rua São Miguel Arcanjo, 215 – Nossa Senhora de Fátima)

17 de dezembro (sábado), às 16h

Centro Cultural Vila Santa Rita (Rua Ana Rafael dos Santos, 149 – Vila Santa Rita)

23 de novembro (quarta-feira), às 10h

Centro Cultural Zilah Spósito (Rua Carnaúba, 286 – Vila Zilah Spósito)

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